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Conto, com a Reitora

A misericórdia como remédio para os nossos males

Dezembro é, sem dúvida, um mês mágico. Passamos o ano absortos em problemas, estudos, trabalhos, projetos, disputas, enfim, entorpecidos por esse cotidiano louco, mas basta o ano dar sinais de despedida para nos sentirmos com um quê de renovação, de expectativas, de planos. Mas já é Natal de novo? Parece que foi ontem! O ano passou voando! E, então, entram em cena nossos melhores propósitos para fazer de nós mesmos, de alguma forma, diferentes no ano que está por nascer.

Ainda bem que dezembro chega – e geralmente com essa sede de mudança – de tempo e de vida – difícil de explicar! Para a maioria, cristãos ou não, os últimos dias que restam ao ano viram um momento de introspecção – talvez o único de um ano inteiro –, um tempo de olhar mais para o outro, de reunir a família – para muitos, o único de um ano inteiro também...

A cena que comove o mundo há 2015 anos, cristão ou não, é de um menino-Deus, recém-nascido, deitado em um estábulo. Uma das cenas que mais chocaram o mundo em 2015 foi a do corpo de um menino sírio estendido em uma praia da Turquia. O ano que ora finda evidenciou, como em Belém, os reflexos da nossa pouca misericórdia, da nossa pouca humanidade, da nossa arrogância e indiferença.
Nesses momentos extremos, quando ocorre um embate entre o que somos e o que deveríamos ser, somos pródigos em discursos. Fáceis de nos levarmos pela comoção, muito falamos, pouco agimos – ou agimos mal, típico de nossa condição de humanos! Como diz São Paulo, “Quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal” (Rom 7,21).

Mas temos um ano inteiro de “redenção” pela frente, com a entrada do Jubileu da Misericórdia, iniciado pelo Papa Francisco no dia 8 de dezembro de 2015 e que será concluído em 20 de novembro de 2016. “A misericórdia e o perdão não podem ser meras palavras, mas têm de realizar-se na vida diária: amar e perdoar são o sinal concreto e visível de que a fé transformou os nossos corações e nos permite exprimir em nós a própria vida de Deus.” 

Deus tomou a condição humana justamente para mostrar-nos que, dentro de nossas humanas possibilidades, temos, sim, como nos elevarmos à condição da misericórdia divina. A força para as mudanças necessárias não vem apenas pela Palavra, mas pelos atos. A conjunção entre palavra e atitude é que nos fará transformar esse mundo tão cheio de fortes contradições; é o que fará a diferença em espaços onde a hipocrisia se faz cada vez mais presente.

Como Francisco nos diz, o próximo ano “será um tempo para viver dia a dia a misericórdia que o Pai, desde sempre, estende sobre nós. Esse tempo exige que cada católico procure uma vida de abertura ao outro, de amor e de perdão, recorrendo mais ao sacramento da Reconciliação, ‘sinal importante’ para fazer a ‘experiência direta’ da misericórdia de Deus.”

Igualmente cheio de expectativas, busco em Francisco as palavras para encerrar meu último momento do ano com vocês: “Que o Ano Santo nos ensine antes de tudo que a misericórdia é o primeiro e o mais verdadeiro remédio para o homem, do qual todos necessitam urgentemente. Quanto é capaz de curar uma carícia misericordiosa! Esta flui de modo contínuo e superabundante de Deus, mas devemos também nos tornar capazes de doá-la reciprocamente, para que cada um possa viver em plenitude a sua humanidade.” 

Como ele mesmo diz: “Você será os ‘votos de Feliz Natal’ quando perdoar, restabelecendo a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício. A ceia de Natal é você, quando sacia de pão e esperança, qualquer carente a seu lado. Você é a noite de Natal quando consciente, humilde, longe de ruídos e de grandes celebrações, em silêncio recebe o Salvador do Mundo.”

FELIZ EXPERIMENTO DE NATAL!

Reitor Prof. Dr. Pe Edelcio Ottaviani

São Paulo, 25/05/2015

Imagem de uma mulher branca, cabelos lisos, sorrindo com um fundo claro

Profª. Drª. Karen Ambra

Reitora do Centro Universitário Assunção