Imagens da organização: Uma visão resumida
Edineide Maria de Oliveira
A obra Imagens da Organização do autor Gareth Morgan (1996), mostra a limitação da visão com relação à imagem que temos da organização, para tanto, o autor utiliza-se de sete metáforas, que são representadas por paradigmas imprescindíveis, com uma visão de mundo e de ações pertencentes ao sistema social. Ressalta que, visualizar a organização por meio de metáforas, torna possível o entendimento das organizações, contribuindo para o surgimento de novas idéias para a teoria das organizações. Porém as metáforas podem auxiliar na compreensão parcial e inexistente.
O conjunto de metáforas ajuda a descobrir que existem situações importantes que até o momento presente não são reconhecidas e integralizadas as organizações, porém Morgan (1996) informa que o valor da metáfora não está no conteúdo, mas sim no processo capaz de desenvolver situações eficientes para o entendimento da organização.
De acordo com Morgan (1996), as principais metáforas vêem as organizações como:
- máquinas
- organismos
- cérebros
- culturas
- sistemas políticos
- prisões psíquicas
- fluxo e transformação
- instrumentos de dominação
A metáfora de organizações como máquina, mostra que as empresas são planejadas e organizadas como aparelho próprio para comunicar movimento ou aproveitar e por em ação um agente natural, ou seja, como um instrumento ou utensílio.
A racionalidade absoluta é o conceito principal nesta metáfora para a conquista dos objetivos almejados acerca da produtividade, eficiência e eficácia que são valores fundamentais na metáfora da máquina.
No entanto, a metáfora da organização como organismo, em que a empresa é enxergada como um organismo vivo, diferente da máquina, as ações e inter-relações são valorizados no ambiente de trabalho, entretanto, nesta metáfora existe uma abrangência maior das teorias das organizações, ou seja, tem ligações fortes e diretas com as teorias das organizações contemporâneas.
A metáfora de organizações como cérebro, mostra que é possível divulgar e realizar capacidades parecidas ao cérebro no aspecto geral da organização, abrangendo inclusive teorias e trabalhos livres e flexíveis, fazendo parte do processo o processamento de informações.
A metáfora de organizações como cultura, exibe e faz menção aos aspectos simbólicos acerca do modo de viver das organizações. Mostra o conjunto de hábitos, costumes, linguagem, rituais, histórias e mitos que reflete na cultura da empresa, e no modo da empresa ser reconhecida no mercado, que recebe influencia devido a próxima metáfora intitulada: sistema político, em que Morgan escreve que é extraordinário localizar organizações possuidoras de apenas uma das categorias de regra política. Todavia o autor lembra que não poderá se referir a política suja apenas, e sim, ter um olhar crítico e questionador no que tange e se relaciona com as teorias convencionais sobre as organizações acerca dos agentes envolvidos na organização.
Nesta metáfora, é demonstrada a normalidade das pessoas fazerem parte de turma, ou grupos de afinidades baseados em relacionamentos. Pessoas com desejos diferentes, unem-se por motivos de conveniência, mas é fundamental fazer as coalizões. Contudo, as pessoas na maioria das vezes, não são valorizadas pela sua competência técnica, e sim por sua habilidade de respeitar e entender os outros, ser simpáticos e empáticos, entretanto, é preciso saber lidar com conflitos e poder, procurando ter conhecimento do que a organização pretende dos subalternos e estes dos seus superiores.
De acordo com Morgan (1996), os interesses e conflitos fazem parte da dinâmica das organizações acerca do incentivo da competição e da colaboração, além disso, também colabora com a existência de acordos. Deste modo, Morgan mostra que todos na organização fazem política, sejam por meio de acordos, conflitos e outros métodos de relacionamentos.
Essa metáfora auxilia em conhecer e aceitar a realidade política das organizações e conseguir mecanismos para a construção de novos procedimentos. Fornece subsídios para entender a relação de interesses, conflitos e poder. Apaga o mito da racionalidade organizacional baseada em interesses comuns voltada apenas para uma pequena parcela da organização. Contudo o autor mostra que existem também as limitações, como visualizar a política em tudo, mesmo quando ela é inexistente, gerando desconfiança. Achar que algumas pessoas podem ter mais poder do que outras.
Morgan se inspirou nas obras de Aristóteles para realizar essa metáfora, portanto, cita que a política oferece mecanismos de organizar a sociedade por meio de formas e regras não autoritárias, não obstante para ele, a política é o instrumento que consegue conciliar os desejos e interesses individuais e coletivos, porém divergentes na busca de uma harmonização através da negociação.
Os cárceres psíquicos ou prisões psíquicas é a sexta metáfora em que Morgan evidencia como parte negativa para os empregados, pois mede o cansaço advindo da manipulação das mentes das pessoas que podem ser funcionários. Morgan se baseou na obra de Platão, Mito da Caverna, em que é retratada a vida de uma pessoa dentro da caverna, mas que tem contato apenas com o seu mundo por meio de sombras e imagens, que se tornam realidade para o indivíduo que está nesse ambiente.
Apesar das partes negativas, essa metáfora mostra as perspectivas de conhecer profundamente o que poderá existir por trás de algumas ações praticadas nas organizações, inclusive a racionalização em excesso. Promove uma grande ligação com a metáfora do sistema político, devido auxiliar no reconhecimento do poder e dos conflitos. Auxilia nas inovações e mudanças necessárias na organização, conhecendo o fluxo e transformações das atividades realizadas.