Conto, com a Reitora
Armar-se de amor: manifestação do UNIFAI em solidariedade a Dom Orlando Brandes, à CNBB e ao Papa Francisco
Neste momento, seria impossível não haver posicionamento diante de graves ofensas proferidas, em plena Assembleia Legislativa de São Paulo, na última quinta-feira, dia 14 de outubro de 2021.
Um deputado estadual, durante o seu discurso na referida data, dirigiu palavras de baixo calão: ao arcebispo da cidade de Aparecida – Dom Orlando Brandes –, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao Papa Francisco.
O deputado, do plenário, bradou ofensas em reação à fala do arcebispo, no dia 12/10/2021, durante a celebração à Nossa Senhora Aparecida, no Santuário Nacional de Aparecida. Da homilia é possível depreender que foi defendida a disseminação do amor, em vez da dor que (obviamente) as armas provocam. Assim o fez, Dom Orlando, principalmente quando afirmou: “para ser pátria amada não pode ser pátria armada”. O nome do atual presidente brasileiro não foi mencionado, mas o trocadilho, remeteu ao slogan de sua campanha, levou ao seu reconhecimento e gerou a reação intempestiva (para falar o mínimo) do deputado.
Aqui, interessa registrar o sentimento de indignação diante do ocorrido e demonstrar solidariedade aos atacados. Quando um ser humano é ferozmente atingido por defender valores, principalmente o direito à vida, todos nós perdemos um pouco (mais): de confiança nas lideranças políticas, de sensação de justiça, de esperança pelo respeito mútuo que cada um de nós é devedor e merecedor.
Resta-nos uma centelha de esperança e ela reside na Educação, por meio da qual nos fazemos gente, humanos, indivíduos sociais, interdependentes e, ainda sim, complexos, diferentes e diferenciáveis. Ou seja: pessoas que convivem, que se desentendem, mas dialogam, que necessitam de intercâmbio e colaboração, porque não se vive só.
Se o deputado fosse o meu aluno, lá na Educação Infantil, onde estive durante anos, perguntaria a ele: a quem interessa falar deste jeito? A quem agrada? A ninguém. Perdemos todos (de novo, devo ratificar). A força vinda de dois opostos leva ao combate, ao confronto. Forças contrárias costumam levar à destruição, como dois veículos – numa mesma via – que se chocam.
É claro que seria (no mínimo) ingênuo supor a existência de homogeneidade ou plena harmonia entre as pessoas, mas o exercício da reflexão, muito típica dos BONS ambientes acadêmicos pode levar a acordos e deve suscitar a paz. Posicionamentos públicos ofensivos e/ou sectários (expostos de modo impulsivo e divulgados amplamente) talvez fossem evitados se precedidos por perguntas (do sujeito para si mesmo), tais como: “quero falar?”; “se assim desejo, posso falar?”; “Se posso, devo falar?”; “a quem vou atingir?”; “quais seriam as consequências se escolhesse dizer?”.
Palavras de ódio, por exemplo, se escapassem do “filtro” emocional, passariam pelo crivo da razão e seriam contidas já na segunda pergunta, afinal: não, não podemos ofender, sob o risco de perdermos a nós mesmos, perdermos o que nos faz humanos, eventualmente esvairíamos (o atingido) do respeito – pela exposição infligida, arrancaríamos a dignidade que habita qualquer vida.
Acredito que o direito à palavra é sempre garantido e o dever de assumir as consequências é inevitável, ainda mais em se tratando de discurso político proferido num Estado Democrático de Direito. De novo: manifesto solidariedade, em nome do Centro Universitário Assunção - UNIFAI, a Dom Orlando Brandes, à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao Papa Francisco, alvos das terríveis ofensas.
E tenham a certeza de que se o deputado fosse pequeno, teria muito a crescer por meio da Educação e não se faria maior (para pisar e agredir) pela equivocada decisão de, sentindo-se um gigante no plenário, ter agido com pequenez humana. Continuemos, pois, com a nossa missão de educar.
Profa. Karen Ambra
São Paulo, 21/10/2021
Profª. Drª. Karen Ambra
Reitora do Centro Universitário Assunção