Conto, com a Reitora

O futuro não chega para quem espera, mas para quem decide!

Enfim, o início do ano letivo de 2023 chegou, com a volta às aulas. Burburinhos pelos corredores dão o tom deste momento e enchem de vida o campus.

Quero dar as boas-vindas a todos aqueles que, nesta semana, retomaram os seus cursos de graduação ou de pós-graduação e também para os nossos novos estudantes, que hoje estão estreando nos cursos de sua escolha, como calouros.

Contudo, este texto é mais do que um gesto de acolhimento, é o prenúncio das belas experiências acadêmicas que estão por vir e, também, um manifesto de encorajamento para os desafios que inevitavelmente se apresentarão.

Diante das dificuldades que se impuserem, o propósito e as metas, que levaram à decisão pelo ingresso na faculdade, certamente, serão bons conselheiros para seguir em frente e eu asseguro: vale a pena!

Sei que vale a pena como estudante universitária que fui e tendo enfrentado desafios durante a jornada acadêmica. Contudo, penso, principalmente, nos nossos alunos formandos, que celebraram a conclusão dos seus cursos de graduação no ato solene de colação de grau, ocorrido no dia 15/02/2023, no TUCA, o Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, também mantida pela Fundação São Paulo.

Eu estava lá, foi uma cerimônia linda, muito emocionante, em clima de gratidão e vitória. Os oradores lembraram de rotinas, por vezes extenuantes, recordaram do convívio entre estudantes e professores, da colaboração entre as turmas, da ajuda recebida, mencionaram desafios e o um sentimento unânime reverberou naquela noite: o orgulho pela conquista. Teve filha fotografando pai formando, pais encantados com seus filhos, manifestação de carinho por parte de amigos e uma família inteira, constituída de diferentes gerações, formada em Direito pelo UNIFAI, e que esteve lá para celebrar mais um formando.

No momento em que os formandos fizeram o juramento da profissão, correspondente ao curso de graduação concluído, aconteceu uma situação que jamais poderá ser esquecida – porque encheu os corações, de todos os presentes, de amor, alegria, esperança, realização – e reflete um pouco dos valores que nossos alunos têm. Apenas uma concluinte de Pedagogia aderiu à colação de grau oficial e festiva e pediu para a Profa. Sueli Terezinha, coordenadora do curso de Pedagogia, repetir com ela o juramento, pois estava sozinha. Uma das concluintes de Biblioteconomia GRITOU: "VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA!", e TODOS OS FORMANDOS se levantaram para fazer o juramento. Estou aqui arrepiada ao lembrar desta experiência! Pois bem, não estão saindo do Centro Universitário quaisquer profissionais, mas pessoas que querem fazer a diferença no mundo e têm os recursos para isso.

Reitero o orgulho que sentimos, todos nós, professores e funcionários que ali estavam diante dos formandos, tão alegres e bonitos, vestidos com as suas becas e carregando seus capelos. Para eles os paraninfos se dirigiram, suas palavras foram inspiradoras e, parte do que disseram, revela o estado de ânimo necessário para o enfrentamento dos obstáculos acadêmicos e, por isso, gostaria de trazer um pouco desse conteúdo.

O Prof. Fábio, paraninfo do curso de Biblioteconomia, em seu discurso, contou que quando assumiu a docência e para melhorar sua performance didática, ingressou num curso de teatro, se referiu à transformação dos personagens que tanto encantam e citou a jornada do herói, de Joseph Campbell, para se referir aos nossos alunos que, vivendo "sabores" e dissabores, desafios e conquistas, ao longo de seus cursos, se transformaram em heróis de sua própria jornada, chegando à vitória almejada.

O Prof. Marcelo Monte, falou sobre a coragem do enfrentamento, que tanto marcou o TUCA, na época da ditadura, elemento indispensável na trajetória dos estudantes. Imbuídos de persistência, algo essencial para a vida acadêmica e profissional, os formandos superaram obstáculos com coragem e ali estavam para comemorar.

A Profa. Sueli Terezinha, como paraninfa, destacou que os dias de turbulência e as noites de aflição deram origem a tempos de calmaria e, sobretudo, àquela noite memorável que vivemos. Porém, lembrou a coordenadora do curso de Serviço Social, a Profa. Vivi, assim chamada carinhosamente por todos, que a parceria entre as alunas, a garra e a vontade de fazer a diferença para si mesmas e para transformar a vida das pessoas foi uma rede de apoio essencial para a conclusão exitosa do curso.

Eu não poderia ficar de fora, pedi a palavra e deixei a minha mensagem, pois,  naquela noite, acompanhando os formandos, tive a sensação de que aquele era um ritual de passagem, o momento em que, como filhotes de passarinhos, que crescem e estão prontos para a saída do ninho, começava uma nova fase, para novos voos serem tentados e alcançados. Lembrei de uma lição de casa da minha filha, que consistia em responder à pergunta: "a vida é um sonho?". Compartilhei com os nossos formandos queridos a resposta dada, me remetendo à vida deles, a partir de então.

Por um lado, a vida pode ser um sonho, caso o sonho seja entendido como desejo a ser alcançado, meta almejada e, assim sendo, projeto a ser desenhado. Por outro lado, um sonho pode ser o inimaginável, o que transborda e transcende a vida, o que é inusitado, está presente na poesia, nas artes, nos faz ousar ser e agir de maneiras diferentes. De um jeito ou de outro, minha filha não ficou feliz com a resposta, e contei isso aos formandos, porque, para ela, deveria haver uma resposta simples e eu estava refletindo, fazendo perguntas, considerando hipóteses. Para mim, afirmações e verdades prontas aprisionam, assim como bem destacou o Prof. Thiago, em seu discurso como paraninfo. Que ousemos aprender para além da sala de aula, é isso, justamente, que encorajamos e buscamos em nossos estudantes, apesar do frio na barriga provocado pelo estímulo à autonomia e na busca pelo crescimento.

Da formatura para as boas-vindas, o meu desejo sincero é que nossos estudantes, calouros ou veteranos, não desistam de si, de uma das escolhas mais importantes que fizeram, o ingresso na faculdade, e alcancem aquilo que ninguém lhes tirará: o conhecimento, a reflexão, o poder de decidir e de transformar. E como bem desejou o Prof. Fábio, aos formandos, e eu desejo aos estudantes em sua trajetória acadêmica, iniciada ou reiniciada: sejam protagonistas da própria história!

Um abraço,

Profa. Karen Ambra