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Cartografia ambiental: a expressão gráfica do ambiente na geografiacartografia ambiental: a expressão gráfica do ambiente na geografia

Clézio Santos

O que seria a cartografia ambiental? Uma nova cartografia temática? Uma cartografia direcionada para problemas ambientais da sociedade?
Entendemos a cartografia ambiental, intrincada dentro da cartografia temática, com algumas especificações e aplicações diferenciadas. Uma cartografia presa por sua vez, a um setor específico da cartografia temática responsável pela sistematização dos mapas ambientais ou do ambiente.

A representação gráfica do ambiente está presa na configuração da superfície terrestre e como ela vem sendo representada pelo homem, bem como a necessidade de enfatizar paisagens e lugares ocupados pelas atividades do homem.

Quando lidamos com representação gráfica ambiental, estamos nos referindo à técnica e a arte. Utilizamos a palavra representação no seu mais amplo significado, como expressão da realidade: um mapa com essa conotação representa melhor o que se conhece da Terra, do que se pode ver dos pontos mais altos. Vemos o confronto nesta definição de duas visões: a técnica com todo o seu convencionalismo e a arte com toda a sua abstração.

O processo de representação gráfica ambiental consta de três partes, seguindo o raciocínio do cartógrafo de origem anglo-saxônica Erwin Raisz (1952): O Agrimensor mede o terreno, o Cartógrafo reúne todos os dados obtidos pelo anterior e transporta para o mapa, por último o Geógrafo interpreta os assuntos explorados. Desse processo caberiam a nós Geógrafos, atermos a última parte interpretando a representação gráfica, construindo subprodutos para melhor entendê-lo. Estes subprodutos seriam os mapas ambientais, como os mapas de impacto ambiental, entre outros, úteis aos pesquisadores ambientais, como geógrafos, biólogos, ecólogos, entre outros.

A representação gráfica seguindo as idéias de Jacques Bertin, cartógrafo francês, faz parte do sistema de signos que o homem constrói para melhor reter, compreender e comunicar as observações que lhe são necessárias. Refletindo sobre essa definição e a necessidade que os geógrafos têm de criar subprodutos da representação gráfica, levantamos uma nova questão referente à cartografia ambiental: temos que criar um novo sistema de signos para transmitir as informações importantes do ambiente? Esta indagação complementa as anteriores.

A cartografia ambiental deve explorar os dois sistemas semiológicos conjuntamente: polissêmico e o monossêmico, sendo que o polissêmico lida com significados múltiplos, como os da linguagem figurativa, enquanto o monossêmico trata do significado único, como o da linguagem matemática e o da representação gráfica, como o mapa. A cartografia ambiental trabalha também com as multiescalas, fotografias, blocos-diagrama, desenhos, entre outras representações gráficas.

A cartografia ambiental nasce de forma similar aos primeiros mapas temáticos, aqueles que iam se constituindo através do acréscimo dos elementos específicos do meio ambiente, principalmente como manifestações pontuais na cartografia topográfica. Deste modo tais mapas não chegam a uma construção mais elaborada sobre categorias do tema ambiental, mas apenas demonstram uma organização visual, confirmando a tradição cartográfica de descrever o mundo visível. Não podemos falar de um sistema próprio de representação gráfica do ambiente, com signos próprios pensados e repensados para o fenômeno ambiental.

Devemos frisar a cartografia ambiental pertencendo a um contexto bem específico – o da representação gráfica – dentro da comunicação visual.

Os dois sistemas semiológicos interagem quando a imagem do lugar (o que atrai os indivíduos) e o mapa do lugar (novo fator motivador) interagem para a decisão de escolha e domínio do lugar escolhido para a ação ambiental (seja caminhada, exploração científica), razão pela qual a cartografia ambiental deve utilizar os dois sistemas semiológicos, como complementos e não como antagonismos.

A representação gráfica dada a sua complexidade, tem ao longo do tempo aprimorado quanto à imagem das referências naturais e à precisão da localização dos principais fenômenos ambientais. Entretanto, não conseguimos apreender sua evolução quanto à visualização, pois o número de informações ainda é escasso e temos dificuldade em acompanhar o desenvolvimento deste ramo da cartografia temática.
Percebemos o evoluir das técnicas sem a evolução da discussão e apreensão teórica da cartografia ambiental e sua estrutura dinâmica.